Todos os leitores do Croissant Parisiense já devem saber que o livro que mais gostei de ler de 2010 foi Apátrida, da autora Ana Paula Bergamasco. Indico a leitura para qualquer pessoa, pois é uma lição de vida e tanto! Recebi meu exemplar através de uma parceria com a escritora, já resenhei aqui no blog e não pude resistir a propor uma entrevista! A Ana Paula aceitou prontamente e foi uma querida desde sempre.
Na realidade, descobri que temos muito mais em comum do que eu imaginava. Ela estudou num SESI, e eu também. Ela também estudou num colégio técnico, e assim eu também já estudei. Além disso, ela é formada em Direito pela Usp, e meu maior sonho é passar na Fuvest em Direito esse ano. Incrível, não? Ela ainda é uma ótima escritora!
Eu chorei fiquei muito emocionada com as respostas e garanto para vocês que vale a pena tirar uns minutinhos para conferir essa entrevista!
Pelo que posso deduzir você é uma boa leitora. Quando surgiu seu gosto pela leitura?
Desde pequenina, quando percebi que aqueles símbolos juntinhos poderiam expressar o mundo à minha volta. Já li de tudo e sou uma leitora compulsiva. Dificilmente existe um escritor que não seja um bom leitor.
Quando e por que surgiu sua paixão pela escrita? Essa sua habilidade foi influenciada por alguém ou alguma obra em si?
Sempre gostei de escrever. Às vezes gosto de escrever para pensar, rs. Acho que surgiu quando eu era menina: adorava fazer bilhetes, contar estórias e elaborar poemas. Como toda “paixão” ninguém sabe exatamente onde começa e qual é o seu limite. Ela existe, é um fato. A influência é diária: desde a minha atividade, sou advogada e professora, até os livros que eu leio. O conjunto de fatores me dá o arcabouço que preciso para escrever.
Como você definiria Ana Paula Bergamasco?
Mãe, esposa, filha, advogada, professora, escritora e mestranda. Fazendo um mix disto tudo, posso dizer que amo em demasia, sou protetora, muito ansiosa e estudiosa.
Quais seus maiores vícios (literários, cinematográficos, musicais) e hobbies?
Será que ler conta como vício? Outro é o chocolate. Gosto muito. Prefiro ler a ver filme. Na leitura cada personagem tem o rosto e o ambiente que idealizamos. No filme, há a concreção, nem sempre agradável. Hobbie: ficar em casa com minhas duas filhas, brincando.
De onde surgiu a idéia de escrever Apátrida?
Estudei um tema relacionado a direitos humanos, para o Programa de Iniciação do CNPq. Por força desse estudo realizei uma extensa pesquisa sobre a Segunda Guerra e os Tribunais Penais. Rendeu uma monografia com menção honrosa pela USP e uma viagem ao exterior. Esta monografia era muito técnica, então, após uma conversa em que um amigo me alertou do potencial que poderia haver, resolvi transformá-la em romance. Linguagem universal e acessível a todos.
Apátrida tem como tema base a Segunda Guerra Mundial e, portanto, o processo de escrita do livro deve ter lhe rendido horas estudando. Como foi essa pesquisa? Tudo o que narra sobre o estado da guerra em seu romance realmente aconteceu?
A pesquisa foi exaustiva. Quatro longos anos. Pensei em desistir. Parei algumas vezes. Não queria colocar fatos incoerentes. Vamos dizer que fui o máximo fiel aos acontecimentos históricos, embora os personagens sejam minha criação. Apenas, para que se enquadrasse no enredo, “antecipei” a presença de Joseph Mengele em 8 meses em Auschwitz. Contudo, há uma verdadeira controvérsia sobre se ele realmente não estava lá no período que indiquei. Os demais fatos foram objeto de estudo acirrado, passo a passo.
Como foi o processo de publicação de Apátrida?
Difícil, duro e caro. Embora o livro tenha sido finalista do Prêmio SESC de literatura de 2009, cujo resultado saiu apenas em abril de 2010, é quase impossível ingressar no mercado editorial por um grande selo. A espera para análise pode se contar em anos. Então fiz uma parceria e publiquei. Quero que o público tenha acesso à obra e a julgue.
Além de escrever, o que mais ocupa o seu tempo?
Mãe e esposa. Advogada e professora. Mestranda. À noite, quando posso, escritora. Escrevi noventa por cento do livro entre meia noite e três da madrugada. Acho que não sobra tempo para mais nada, rs.
Adoro fazer essa pergunta, pois acho que a maioria das personagens principais criada é um reflexo do escritor (claro, com seus diversos sentidos). Então, com qual personagem você se identifica mais?
Nossa, que pergunta difícil! Acho que na persistência, com Irena (nunca desisto fácil das coisas, rs), na indignação, com Jan (tio), no amor pelo esposo e pela manutenção do lar, com Ewa, etc. Enfim, há sempre uma pequena partícula do escritor em cada personagem, bons e maus, rs.
Uma das minhas opções quanto à faculdade é prestar Direito na Universidade de São Paulo. Admirei sua biografia desde que a li pela primeira vez. Como foi o processo seletivo quando prestou Fuvest? E sua vida universitária?
Fui estudante pobre, mas de uma escola com muita qualidade, o SESI. Depois fiz escola técnica, a ETE Jorge Street em São Caetano. O caminho seria emendar uma Faculdade de Engenharia. Adoro matemática. Mas na fila da Fuvest meu coração falou mais alto: entrei na fila, que era imensa (durou três horas) para inscrição em engenharia mecatrônica, no meio dela já estava abandonando para História (um tema que estudo muito), e, ao final lembrei-me de uma professora que dizia: Ana, o seu caminho é fazer direito! Saí com esta última inscrição. Minha família ficou surpresa. Claro, achei que não iria passar, pois acabara de terminar o ensino médio e público. A vida dá seus reboliços e entrei em Direito na USP direto e engenharia na Unicamp. Não tive mais dúvida alguma: o Largo São Francisco foi o meu endereço por cinco maravilhosos anos da minha vida. Uma experiência única como estudante. Faço mestrado lá, também. Mas a graduação é um momento especial, em que nos transformamos de adolescentes em adultos.
Qual o seu conselho para os escritores que estão no processo de escrita de seus livros?
Já disse isto em algumas entrevistas: paciência, persistência, tenacidade e fé.
Você está escrevendo algum livro atualmente? Se sim, conte-nos um pouco sobre ele.
Sim, estou escrevendo sobre a Força Expedicionária Brasileira. Como sempre, um pano de fundo. Agora quero relatar outros aspectos humanos, como os vícios e virtudes na Ética Aristotélica Tomista. Demonstrar o quanto podemos ser cruéis e bons ao mesmo tempo e que com persistência podemos adquirir virtudes.
Como é o seu contato com os fãs? Tem recebido muitas críticas (positivas e negativas)?
Gosto muito do retorno dos leitores, qualquer que seja. Não os considero fãs. Não fiz nada de extraordinário, rs. Tenho recebido muitos elogios. E há críticas, com relação à revisão do texto, com as quais eu concordo. Esta não era para ser a versão final. A editora publicou dessa forma e farei o necessário para suprimir os erros nas seguintes.
Obrigado por aceitar responder a essas perguntas. Fiquei muito contente com a nossa parceria e a leitura de Apátrida me garantiu muitos ensinamentos. Com certeza irei levar a história para o resto de minha vida, e encaminharei o livro para meus amigos lerem. Enfim, gostaria de dizer algo para os leitores do Croissant Parisiense?
Cada um de nós necessita entender o que quer para o futuro. Uma vez feita a seleção, e se esta for digna e boa, não há nada que nos impeça de alcançá-la, apenas a nossa desistência. Então, minha querida, façamos a nossa parte, pois o impossível Deus fará para nós. Mas apenas o inatingível, rs. Feliz 2011!
Aceita parceria? Já coloquei seu banner no meu blog. Beijos :*
ResponderExcluirAdorei a entrevista.
ResponderExcluirTenho lido ótimas críticas sobre esse livro, inclusive a sua, já tá na minha lista de desejados! :)
Beijos
Mellory, a entrevista ficou ótima, parabéns!
ResponderExcluirE a Ana é mesmo muito gentil, né?
Já recebi o meu livro, estou doida pra começar a ler.
Beijão e bom dia pra vc!
Nossa, Mell, adorei a entrevista, a Ana Paula parece ser o tipo de pessoa que vale a pena parar e ouvir. Estou muiito ansiosa pra ler esse livro! Está na minha wishlist.
ResponderExcluirBeijinhos, K.
Girl Spoiled
Adorei a entrevista, Mell!
ResponderExcluirParabéns!
Estou louca para ler o livro da Ana Paula!
Beijo
putsz.. agora quero ler este livro ;x hushushsu'
ResponderExcluiraiinn adorei a entrevista as perguntas foram otimas! Adorei demais a capa deste livro! é realmente muito lindaa *----*
Beijoos
Carol {sobreumlivro}
Olá Minha querida, gostei demais da entrevista com a Ana, ela é uma grande amiga minha. Parabéns pelas perguntas bem elaboradas. Sucesso para você agora e sempre.
ResponderExcluirBeijo
Eliane (Leituras de Eliane)
Muuuuuito legal ;)
ResponderExcluirOi.Meu blog está sorteando The Problem with Paradise.Vê lá!
ResponderExcluirhttp://vida-de-garota-brasil.blogspot.com/2011/01/sorteio-3-problem-with-paradise.html
Espermamos sua inscriçãão :)
Beijocas.
Adorei a entrevista, adorei mesmo. Ela parece ser super simpática.
ResponderExcluirAwn que linda, ela também estudou no SESI *-*
Adorei seu blog.
ResponderExcluirAceita parceria?
Seu banner já está em meus parceiros!
xxx
Lari.
http://laricmello.blogspot.com/
Nossa, que entrevista incrível!
ResponderExcluirAdorei as perguntas, super diferentes. E achei a Ana tão fofaaaa, deu ainda mais vontade de ler o livro.
E fiquei chocada, quatro anos de pesquisas? Que valeram muito a pena, devo dizer, mas ainda assim, caramba, quanta paciência.
Passei a admirar a moça, mesmo sem ter lido o livro. Toda a luta dela com a faculdade e tendo filhos e ainda querendo escrever. Um verdadeiro exemplo.
Parabéns pela entrevista fantástica, Mell.
Beijão :*
Sou apaixonada por história mundial e do Brasil e saber que ela escreve tendo como pano de fundo temas que amo me chamou atenção. II Guerra é um dos meus temas preferidos, vivo enfurnada querendo saber mais sobre isso! Adorei a entrevista e quero muito ler Apátrida!
ResponderExcluirLendo essa entrevista percebi como estou perdendo por não ter lido esse livro ainda!!!!
ResponderExcluirImagino como deve ser dificil publicar um livro nesse pais como ela disse, por isso muitos autores partem para a publicação independente. É uma pena, muitos livros bons acabam sendo esquecidos por causa disso!
Adorei a entrevista, perguntas objetvias e esclarecedoras! Também, a Mellory agora é uma colunista profissional, só podia ser uma excelente entrevista mesmo!! =D
Abraço
Luiz Silva
blogueiroleitor.blogspot.com
AMEI AMEI AMEI a entrevista, Mellory! Cada vez mais estou morrendo para ler Apátrida, e a Ana Paula parece ser uma pessoa incrível!
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